Entrevista com Kohei Horikoshi, autor de My Hero Academia
19.08.2024 O autor Kohei Horikoshi conta, em primeira mão, sobre suas inspirações e a criação dos seus personagens em My Hero Academia.Pergunta 01:
Entrevistador: A pesquisa de popularidade de personagens anunciada recentemente está atraindo atenção no exterior. Este resultado está de acordo com sua previsão? Há algum personagem que você não esperava?
Kohei Horikoshi: O que me deixou inesperadamente feliz foi o crescimento de popularidade do Shoji. Isso me alegrou muito. Fora isso, não tive muitas surpresas. Eu pessoalmente acho que a pesquisa de popularidade é uma celebração para os leitores que lêem e votam, então, como autor, sinto que estou olhando para os resultados à distância, sem ficar muito sobrecarregado e tentando não me envolver emocionalmente com os resultados. É uma sensação tipo “Oh, esse personagem é realmente popular”, mas, no caso do Shoji, eu fiquei sinceramente feliz. Como eu disse ao Sr. Imamura (o editor responsável), o Shoji não aparece muito e sua aparência não é exatamente bonita… E eu sempre achei o Shoji super legal enquanto o desenhava.
Pergunta 02:
E: Os nomes dos heróis são muito interessantes e bem legais. Como você os criou? De onde tirou inspiração?
KH: Não me lembro de ter pensado muito na hora de escolhê-los. Acho que escolhia pensando em como cada um soava. Algo que soasse legal, mas sem parecer exagerado… Queria um nome que fosse fácil de entender, que remetesse o visual do personagem e que as pessoas se lembrassem. Mas, na verdade, não tem aparecido novos personagens em My Hero Academia… A última vez que criei um novo nome e um design de personagem foi com a Star and Stripe. Então, para ser honesto, não me lembro de pensar muito na criação dos nomes.
E: Quadrinhos Americanos te influenciaram de alguma forma nisso?
KH: Sim, mas é uma inspiração leve. Estou conscientemente tentando dar aos heróis nomes que soem como se eles fossem de quadrinhos americanos.
Pergunta 03:
E: O que ser um herói significa para você?
KH: É dificil responder a isso. Se eu pudesse expressar isso em palavras, sinto que não estaria desenhando mangá. Então, eu diria “Por favor, leia o mangá.” No começo, achava que os heróis estavam em um patamar totalmente diferente, como o próprio Oda-sensei (autor de One Piece) ou um personagem fictício, como o Goku, de Dragon Ball. No entanto, quando cheguei aos 30 anos, passei a valorizar mais as pessoas ao meu redor que me perguntam coisas como “Você está bem?” ou dizem que “Vai dar tudo certo”, o que se relaciona com a história de My Hero Academia atualmente. Aquelas pessoas que estendem a mão para ajudar outras são muito mais importantes para mim agora.
Além disso, tem pessoas como o Sr. Imamura (o editor responsável) que trabalha duro me ajudando e me apoiando com My Hero Academia na Jump, e outras pessoas próximas que estão sempre me ajudando… Sem essas pessoas, My Hero Academia não teria chegado tão longe, e acho que posso chamar essas pessoas de heróis.
À medida que envelheci, passei a apreciar as pessoas ao meu redor dessa maneira.
É por isso que tanto as pessoas de outros patamares, quase inalcançáveis, quanto as pessoas ao meu redor que me apoiam, são heróis. Eu cheguei à conclusão de que qualquer um pode ser um herói. O Sr. Imamura também é um herói.
Pergunta 04:
E: Tem algum personagem ou história que você queria desenhar com mais profundidade, mas não teve a oportunidade?
KH: Não é que eu “não consegui desenhar”, mas tem alguns casos em que fiz um cenário detalhado de personagens na minha cabeça, mas não os coloquei na história. Por exemplo, já elaborei histórias para todos os portadores do One for All. Cada um deles tem sua própria história. Mas decidi não mostrar isso de propósito. Se bem que isso pode fugir um pouco do teor da pergunta …
E: E você tem vontade de desenhá-los algum dia?
KH: Não, na verdade não. Ao invés de desenhar todos os cenários e momentos em que eu tinha pensado, eu queria dar pistas que remetessem a essas coisas.
Em “O Exterminador do Futuro 2”, por exemplo, John Connor se torna um líder no futuro, e Schwarzenegger é enviado desse mundo futuro, mas não tem muita representação desse futuro. Eu acho isso ótimo porque deixa muito espaço para a imaginação do espectador se expandir, por causa da falta de detalhes. Então eu queria algo que se parecesse com “O Exterminador do Futuro 2”. Talvez eu tenha fugido um pouco do propósito da pergunta novamente, mas …
Senhor Editor: Então, embora você tenha criado personagens que não chegou a desenhar, não sente que nada está faltando na história. É isso?
KH: Isso mesmo.
Pergunta 05:
E: Parabéns por ultrapassar 100 milhões de cópias em circulação mundialmente com My Hero Academia! A versão em inglês, por exemplo, é consistentemente classificada nas listas de mais vendidas na América do Norte. O que você acha desse sucesso global?
KH: Para ser honesto, eu não sinto muito isso.
E: Por quê?
KH: O fato de vender tanto no exterior é graças às pessoas que vendem e promovem lá. Eu sinto que não é tanto pelo meu próprio esforço, mas sim pelo trabalho incrível de quem estruturou os canais de distribuição e decidiu transmitir o anime de My Hero Academia. Eu realmente sinto que fui “levado” a alcançar 100 milhões de cópias graças a eles.
E: Mas isso não é algo fácil de conseguir hahaha
KH: Não, tenho um forte sentimento de que muitos mangás anteriores ao meu ampliaram a base de leitores, e eu só peguei carona nisso. Então, sou grato por isso, mas sempre sinto que recebi algo que não mereço.
E: Você é bem humilde.
KH: Não sei se é humildade… É mais algo como “Eu realmente mereço isso?”
E: Os leitores estrangeiros são bastante rigorosos, e muitas pessoas desistem no meio do caminho porque não acham a história interessante. Acho que a razão pela qual My Hero Academia está vendendo tão bem é porque todo mundo acha interessante.
KH: Bem, falando desse jeito…. se for assim, obrigado. Isso realmente me alegra. Isso quer dizer que as pessoas estão vendo a série como um mangá de qualidade.
E: Os leitores da América do Norte são bem volúveis, então é incrível que cada novo volume de My Hero Academia venda tanto lá toda vez que é lançado.
KH: Se for assim, fico muito feliz. Acho que isso significa que posso desenhar algo interessante. Estou feliz com isso, de verdade.
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Entrevistador: Para finalizar, você tem uma mensagem para os leitores estrangeiros?
Kohei Horikoshi: O mangá está em sua reta final. Não restam muitas semanas, mas quero que vocês sintam que valeu a pena acompanhar até o fim. Se puderem continuar apoiando rigorosamente, mas com carinho, eu vou me esforçar ao máximo. Então, por favor, continuem lendo!